Em 1955, o escultor Altino Maia concebeu nove imagens de vulto destinadas à nova igreja da Afurada, inaugurada a 10 de julho desse ano, às quais se juntaram nos anos seguintes, um Crucifixo e 14 Estações da Via Sacra.

Colocadas nos nichos da parede sul da igreja, as imagens de Altino Maia suscitaram, de imediato, descontentamento e desconforto. Distanciando-se em termos plásticos e estéticos das imagens tradicionais,

foram rejeitadas pela comunidade que lhes atribuiu epítetos depreciativos como de «Santos Pretos» ou

«Santos das Rodilhas». Assim, em 1999, as imagens foram apeadas e enclausuradas em armários após a saída do Padre Joaquim Araújo, o defensor e protetor destas esculturas durante quatro décadas.

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As nove esculturas fizeram a travessia do Douro com solenidade e aparato. A procissão fluvial abriu com

um majestoso cisne de proporções extraordinárias, sendo acompanhada do cais da Ribeira até à Praceta

de São Pedro por inúmeras embarcações de pescadores. As notícias da imprensa, os registos fotográficos e

fílmicos recolhidos à época testemunham o entusiasmo e fervor religioso vivido, nesse dia, pelos «milhares

de pessoas» que ocorreram às duas margens.

Podes visualizar algumas imagens captadas pelos noticiários desse dia, arquivadas na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema. Sugerimos que avences o vídeo até ao minuto 08:46.

Esculpidas em madeira e revestidas por uma camada singela de policromia, de cores suaves, mas

canónicas, as imagens de Altino podem facilmente ser identificadas através dos seus atributos.

Os Santos exibem objetos diretamente relacionados com o martírio /missão /lendas geradas em torno das «Passio» ou histórias das Suas vidas — cordeiro, bandeja com os olhos, chaves, livro, coração flamejante, rosário… —, que a tradição convencionou e assumiu como símbolos da Sua santidade.